terça-feira, novembro 03, 2009

O túmulo (a consciência semi-tétrica)

Vem.
Vem e vamos cavar o meu leito de eternidade,
O meu buraco de sossegos que nunca terminam.
Vem, sem medos, caminhar pela verdade,
Conhecer os outros que me dominam.

Se esconderes o rosto, não verás
O motivo pelo qual te puxo para a sombra,
Porque não quero que fiques para trás.
Prefiro antes abraçar-te na penumbra,
Neste fim que nos meus olhos se adivinha.

Oh, mas se eu pudesse!
Fazer-te dançar nestas teias de seda,
Neste supiro moribundo que mais parece
Um rodopio entre as frases de uma lenda.
Mas não danças.

E a minha pele congela,
No calor do teu abraço.
"Poderei viver sem ela?"
Perguntas, no teu embaraço,
No teu pranto desmedido,

Porque neste buraco, meu amor,
Está o meu coração escondido,
E sem sorriso nem dor,
Dou por ti mais que perdido.

E o vento leva-nos,
De arrasto no seu céu.
E se um coração batesse, ao menos...
Vem.
Vem salvar-me.

Sem comentários:

Enviar um comentário